Freesom

DE VOLTA AOS PALCOS

Marcela Busch

Quando eu falo ditadura, o que vem na sua cabeça? Movimento estudantil, DOPS, repressão... E também, Chico Buarque. O cantor, compositor, dramaturgo, escritor, poeta (e o que mais for) é um dos maiores nomes quando se lembra da música brasileira de oposição, que marcaram os anos de ferro do Brasil. Embora seja muito lembrado por esse período, Chico é considerado um dos maiores músicos do país

Sua obra é extensa. Envolve livros, peças teatrais, composições, letras, canções e trilhas sonoras. Só de discos, Chico lançou mais de 40! E é de apenas cinco letras que o título de sua mais nova obra é feito: "Chico". Isso, simples assim.

O novo CD, que veio após um hiato de cinco anos (o último lançado foi "A Carioca", de 2006, sem muito sucesso de público e crítica), chegou recheado de estilos musicais diferentes - bossa nova, samba, mpb - e também de misturas - baião, guitarras. E é com esse novo projeto que o carioca volta aos palcos, em sua sexta turnê num período de trinta e seis anos.

A primeira capital de seis que irão receber os shows (Porto Algere, Curtiba, Rio de Janeiro e São Paulo) foi Belo Horizonte, no ultimo dia 6. Chico mostrou que ainda é um homem de poucas palavras: as únicas que proferiu destinadas ao público foram ao apresentar sua ótima banda e "errei", durante "Sob Medida". Tirando esse pequeno detalhe, o show foi impecável: público vibrante, banda afinada e uma lenda em cima dos palcos.

Seu setlist surpreendeu até os mais saudosistas para o show, foram escolhidas músicas que há muito Chico não cantava, como Anos Dourados e Geni e o Zeppelin. A maior surpresa, no entanto, ficou por conta da volta de Cálice, que estava no baú do cantor. Não apenas a música voltou, como Chico acrescentou versos do rapper Criolo á letra da música. Ao final da canção, Chico proferia: "Pai, afasta de mim a biqueira/Afasta de mim as biate/Afasta de mim a cocaine/Que na quebrada escorre sangue". De encher os olhos!

Saldo final da noite: fãs satisfeitos, críticos contrariados e um mito que cada vez se fortalece perante os olhos dos doidos por boa música. E por aqueles belos olhos verdes.